domingo, 13 de julho de 2014

Percepções

Domingo é um dia complicado, vai dizer que não? Você já acorda pensando que terá cinco longos dias de trabalho até o próximo final de semana e, por mais que você passe entocado em casa os dois dias, reza pra que chegue de uma vez.
Aliás, eu fico pensando nessas pessoas, e em mim, que ficam esperando ansiosamente o findi pra poder curtir. Peraí, os outros dias da semana são somente escravidão? Trabalho, casa, filhos, marido, solidão? 
Sou do tipo muito caseira, muito mesmo. Moro numa cidade tão pequenina que não tem o que se fazer no final de semana e, quando fico aqui na companhia do meu siamês-ou não porque ele sai pros passeios matutinos e não sabe voltar cedo- me sinto como se estivesse disperdiçando vida. Aí eu paro e penso: "mas eu tenho que estar sempre em movimento pra aproveitar a minha vida? Ficar em casa na minha companhia não é também aproveitar a mim mesma, minha casa, minhas coisas? 
A vida anda tão maluca que não se sabe mais o que é certo, bom, errado, ruim. A tecnologia vem nos limitando tanto, estamos nos transformando em robôs que agem de forma igual, que precisam gostar das mesmas coisas, sair para os mesmos lugares, beber as mesmas bebidas, senão tá fora de moda. Eu vejo muito isso.
Quando me arranco pra Porto Alegre viver um pouco do agito da grande cidade o lugar mais facil de me achar é na Saraiva. Eu entro naquele lugar mágico, cheio de livros mágicos e me perco no tempo. Depois eu vou e tomo um café na Padre Chagas com uma torta de sorvete espetacular. Dou uma volta no Parcão e vou em direção a minha casa. Se saio a noite? Olha, desde de dezembro que não saio em Porto Alegre. O motivo: não sei. Acho que tô cansada. Acho que tô precisando me reencontrar para poder aproveitar  o que a vida pode me oferecer. Se eu acho perda de tempo? Meu amigo, perda de tempo é você viver iludido ou vivendo uma vida de ilusões. Às vezes é preciso você desacelerar, viver sua solidão genuína pra que daqui a pouco você comece a surpreender a vida, comece a se surpreender e por fim, e menos importante, surpreender as pessoas.
A máxima "Cuidar do seu jardim" é o que vale. 
Não sei se sou apenas eu ou tem mais gente no mesmo barco, não sei se sou apenas eu ou tem alguém mais vivendo dessa solitude, se realmente toda essa alegria estampada nas redes sociais é verdadeira ou uma fantasia.
Com certeza, e eu sinto isso, eu vou surpreender a vida (porque não é ela que tem que me surpreender, que fique claro). Tipo, sabe aquele sexto sentido de mulher? A vida vai ser melhor do que já é e os sorrisos, hora meio apagados e frágeis, vão se tornar o meu melhor cartão de visita.
Claro gente, que fique bem claro que estou escrevendo o que me vem na mente, o que sinto e o que vejo. A vida está maravilhosa porque ter saúde e planos, sonhos já nos faz diferentes de muitos...
Encontrar-se e voltar a perceber-se em alguém é apenas questão de tempo.
E eu não tenho mais pressa.

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